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"Se tenho algum pecado é ser indígena", afirma Evo Morales ao desembarcar no México

Junto do vice-presidente Álvaro Linera, Morales agradeceu a solidariedade mexicana: "Nos salvaram a vida"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Presidente boliviano renunciou ao cargo no último domingo (10)
Presidente boliviano renunciou ao cargo no último domingo (10) - Pedro Pardo / AFP

Vítimas de um golpe de Estado, Evo Morales e Álvaro García Linera chegaram nesta terça-feira (12) na cidade do México, onde recebem asilo político após terem renunciado aos cargos de presidente e vice-presidente da Bolívia, no último domingo (10).

"Estamos muito agradecidos por nos terem salvado a vida", disse Morales, em pronunciamento ainda no aeroporto, a respeito do asilo concedido pelo presidente mexicano López Obrador na segunda-feira (11). Também recebeu asilo a ex-ministra da Saúde Gabriela Montaño.

O boliviano narrou episódios de violência realizados pelo setor golpista desde que o Tribunal Superior Eleitoral do país anunciou a vitória da chapa do Movimento ao Socialismo (MAS) em primeiro turno, contra o opositor Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã.

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"Nestas três semanas queimaram tribunais eleitorais, atas das eleições, queimaram sedes sindicais, casas de autoridades do MAS. Saquearam e queimaram a casa da minha irmã, antes de saquearem minha casa em Cochabamba", relatou.

Evo lembrou ainda das ameaças que levaram à renúncia de autoridades --"não por covardes, mas por ameaças de serem queimados vivos" -- locais e regionais de seu partido e frisou o caráter racista do golpe. 

"Se algo eu tenho de pecado é ser indígena, implantar programas sociais para os mais humildes. Eu acredito que só pode haver paz na Bolívia com justiça social", considerou.

Seu outro pecado, afirmou o mandatário boliviano desde 2006, é ser anti-imperialista: "Não vou mudar por conta desse golpe. Nós trabalhamos pelos mais humildes, reduzimos a extrema pobreza, fortalecemos a luta dos povos originários".

Evo finalizou seu discurso agradecendo por continuar vivo. "Enquanto eu viver, seguirei na política, seguirei na luta. Estamos seguros de que os povos do mundo têm todo o direito de liberar-se. Pensei que havíamos terminado com a repressão, com a discriminação, a humilhação, mas surgiram outros grupos que não respeitam a vida, e muito menos a pátria."

Edição: Rodrigo Chagas