Por BBC


O uso do itálico ajuda a mostrar ao leitor que uma palavra ou grupo delas tem um sentido especial — Foto: Unplash

O itálico, a caligrafia de traços ligeiramente inclinados à direita, é um dos três procedimentos básicos - ao lado das maiúsculas e das aspas - empregados para indicar que uma palavra ou grupo de palavras tem um sentido especial.

É usado tanto para dar ênfase quanto para advertir o leitor de que uma palavra ou frase pode não lhe ser familiar, seja por ser estrangeira ou por fazer parte de uma grupo de gírias ou expressões específicas: "supervisionaremos o merchandising da empresa" ou "é preciso ler o documento ab integro".

Pode ser, também, usado para destacar um título de obra - um nome de livro, um filme, peça de teatro ou de um álbum de música, por exemplo.

O recurso serve ainda para quando empregamos uma palavra em sentido metalinguístico, ou seja, não por seu significado em si, mas para nos referirmos a suas formas e funções. Você vai entender melhor com estes exemplos: "a palavra juiz começa com j" ou "acadêmico é uma palavra proparoxítona".

Leve inclinação à direita é a marca do itálico — Foto: Unplash

O itálico é tão antigo quanto a própria escrita. "Sempre existiu", diz à BBC News Mundo a historiadora de língua espanhola Lola Pons Rodríguez, da Universidade de Sevilha (Espanha).

Esse modo de escrever nasceu do costume de algumas pessoas de escrever tombando as letras à direita, algo natural uma vez que a maioria das pessoas são destras e tendem a inclinar seus traços nessa direção.

De onde vem o nome?

O nome itálico tem sua origem no trabalho do italiano Aldo Manucio, um humanista e impressor que em 1494 fundou uma editora em Veneza, chamada de Imprensa Aldina, famosa na época pela edição de livros clássicos gregos e romanos.

Letra cursiva foi transformada em tipo para impressão por volta de 1494 — Foto: Unplash

Foi nessa oficina de Aldo Manucio que, em 1501, foram usados pela primeira vez tipos de letra no formato cursivo - os quais, por serem mais estreitos e inclinados, permitiam que coubessem mais letras em uma única folha. É a ideia por trás dos livros de bolso atuais.

Além disso, imitavam a escrita à mão.

Há historiadores que acreditam que o primeiro a usar na prática as letras itálicas em uma prensa tenha sido Francesco Griffo, um ajudante da oficina de Aldo Manucio.

Por esse motivo, esse tipo de letra é chamado também de "letra grifa".

E uma curiosidade: os primeiros tipos de letra itálica na Imprensa Aldina eram só em minúsculas, então, os textos em itálico tinham as maiúsculas impressas pela tipologia comum, explica Lola Pons.

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