quarta-feira, 17 de abril de 2024

Depois de Desportes (Parte 4 de 7)

 

 

Falo pela quarta vez sobre o pintor francês Alexandre-François Desportes. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Natureza morta com caça, carne e frutas. A paixão de Desportes pelas naturezas mortas. Aqui é o fruto do trabalho, da luta, da lida, nas palavras sábias de uma certa médium espírita: Deus não quer que nos atiremos nas cordas; Deus quer nos ver lutando, como um bichinho silvestre, sobrevivendo até o fim, sem reclamar da Vida e sem lamentar por si mesmo, evitando a automartirização, quando a pessoa acha que a Vida é dura só para esta mesma pessoa. Aqui são esses banquetes de rei em Versalhes, muito longe da pobreza do povo francês, no modo como, no Antigo Egito, pato assado era comida de rei, num egípcio escravo ou proletário que passava vida sem saber o gosto de tal prato, nesta bolha de privilégios que foi Versalhes, como na incrível riqueza dos Romanov, na Rússia, uma família de realeza que acabou fuzilada pelos tribunais comunistas, e é difícil imaginar algo mais cruel do que executar crianças, como se os comunistas tivessem medo que tais filhos do czar chegassem à maioridade e reclamassem o trono russo, gerando a expressão “comedores de criancinhas”, referida aos comunistas, no modo como foi um escândalo na Europa da época o assassinato da família real russa, nesta ancestral inclinação do Ser Humano para o ódio, gerando tantas guerras, pois nem Jesus em Sua Majestade soube sanar e resolver os problemas do Mundo, mas tornando-se uma figura na qual o povo possa depositar suas esperanças – o Mundo não muda, meu irmão, e nem a fina Filosofia é capaz de empreender mudanças, o que é um pensamento encorajador, numa luta constante, fazendo com que cresçamos e nos depuremos, sendo este o sentido da Vida, que é tornar-se uma pessoa melhor, como no personagem Oscar Schindler, o playboyzinho fútil que acabou se compadecendo com os sofrimentos do Mundo. As peras aqui são maduras e deliciosas, doces, perfumadas, gerando deliciosas sobremesas, no modo como fico tão entretido em programas televisivos de Culinária, com os chefs fazendo suas receitas – imagine ter um Jamie Oliver cozinhando para você! A mulher que casou com ele não se casou bem? Aqui é como um almoço de Domingo, especial, com a reunião de família, no talento de patriarcas e matriarcas em manter uma família unida, como dois senhores que conheci, pois depois do falecimento destes, as respectivas famílias se desintegraram, carecendo deste poder de força de união, como um Sol provendo e iluminando um sistema solar, num poder distributivo, como uma travessa de comida ao centro de uma mesa, no momento de comunhão da missa, no qual todos temos a mesma coisa no estômago, num momento de união e fraternidade, na revelação de luz, a qual nos diz que somos todos príncipes, filhos do mesmo Rei, sendo todos nós frutos sacrossantos de Imaculada Conceição, pois cada um de nós é infinitamente divino, especial e único, nas incríveis vastidões das obras de Tao, aquele que sempre esteve aqui, no modo como discordo de uma certa pessoa, a qual disse: “No início, era a Natureza”, havendo eu discordando e dizendo: “No início, era Tao”, na magia colorida de um Domingo de Páscoa, com a zelosa senhora minha mãe montando ninhos de Páscoa para mim e minha irmã, num trabalho de carinho, no modo como sentimos um baque no momento de sairmos de casa e morarmos sozinho, fazendo com que demos valor aos zelos maternos com os quais crescemos acostumados. Realmente, Desportes é um talento. Aqui é o fruto de um trabalho árduo, com as aves sendo depenadas, preparadas, na magia de um cheiro de churrasco e galeto num formidável Domingo, o dia em que até Ele descansou, na qual pontinha de melancolia de fim de Domingo, entardecendo, um momento no qual vamos sentindo a dureza do fato em que, amanhã, começa tudo de novo, voltando ao siso das obrigações e das disciplinas. Aqui são os insumos para um banquete, no modo como um pesquisador vai em busca de insumos para sua pesquisa, sabendo que tem que ter textos de base, como eu aqui no blog, tendo que partir em busca de imagens de obras de Arte, neste terreno vasto que é a Internet, nem sempre com imagens as quais posso gravar em meu computador, como num trabalho de coleta indígena numa floresta, vendo o que pode ser levado, como fazer compras.

 


Acima, Natureza morta com cães. O cão dormindo é o merecido descanso após muita luta, como no momento redentor dos drinques no happy hour. O cão dormindo é a pessoa fazendo algo inconscientemente, de que esta pessoa não se dá conta, como no Marte dormente de Botticelli, hipnotizado e entorpecido pela desperta Vênus, no jogo de sedução entre opostos, como Razão e Loucura, no modo dialético como tudo traz em si sua própria contradição, no modo é inevitável no casal heterossexual que ele personifique o Yang dela e ela personifique o Yin dele, como no tradicional casal japonês: Ele, antipaticíssimo, carrancudo e duro demais; ela, doce e agradável, cumprimentando-nos, no modo como ao se cumprimentar um dos cônjuges, o casal está cumprimentado. O cervo abatido é a vitória, como no cervo no filmão A Rainha, quando a monarca, a sós com bicho ao ar livre, diz para ele se esconder e preservar-se pois, do contrário, será caçado e abatido, fazendo metáfora com a beleza de Diana, uma mulher frágil e forte ao mesmo tempo, uma mulher que gostava de aparecer midiaticamente mas, ao mesmo tempo, sentia-se muito invadida e desrespeitada pela Imprensa, trazendo novamente aqui o fato de que as contradições são inevitáveis e engraçadas, numa prova do senso de humor de Tao, o piadista, como um Leonardo da Vinci, o qual se manteve brincalhão até o fim da vida, numa jovialidade que nunca foi perdida – não é bom envelhecer demais. A corneta é o anúncio da caçada, chamando os cães caçadores, para os quais não é um trabalho, mas uma diversão, como um senhor que conheço, o qual adora ir ao campo e caçar perdizes, trazendo para casa a refeição do dia, num senso de grande responsabilidade, que é prover um lar, nesses superpais que nunca deixaram faltar algo dentro de casa, na enorme responsabilidade que é prover e educar uma criança, incutindo na cabeça desta valores nobres, em discernimentos básicos como: Grosso é fraco; fino é forte, num Ser Humano que acaba sempre se equivocando, achando que a brutalidade é maior do que a diplomacia, na noção universal de que a paz é maior do que a raiva, na universalidade da grosseria humana, sempre impondo as coisa à força, na guerra inútil de Putin e seu complexo de Napoleão, reprovado por toda a Comunidade Internacional. Os cães aqui são um trabalho em equipe, como num time esportivo, ou uma equipe numa empresa, como num tabuleiro de Xadrez, cada um com sua incumbência, sua especialidade, na divisão erótica de trabalhos numa empresa, com tudo girando em torno de algo, de um ideal, ao contrário de uma certa empresa na qual trabalhei por um curto período de tempo, uma empresa com um ambiente um tanto tóxico, cheio de fofoquinhas e desrespeitos, no modo como eu próprio já passei por assédio moral, com empregadores se achando no pleno e total direito de ligar para minha casa à meia noite, numa situação que só um masoquista gosta, e eu não sou masoquista, meu irmão. Os cães treinados são a disciplina, o treino, o ensaio, como treinar um cão para detectar drogas em bagagens, essas drogas que tanto sofrimento e devastação trazem, na figura de um traficante, um completo e perfeito sociopata, uma pessoa que pouco se importa com as vidas destruídas pela droga, num sociopata que nada mais quer do que ganhar dinheiro, pouco se importando com os problemas do Mundo. Num dos cantos do quadro vemos uma flor silvestre, lutando para viver, como árvores lutando por um lugar ao Sol, numa natural competitividade, como no macho alfa num bando de leões, num domínio, num reino, no modo humano patriarcal de castrar a sexualidade feminina, na figura do machão em seu trono, com as próprias mulheres gostando desse poder, querendo ser cidadãs de segunda categoria, o que gera fúria entre as feministas, as quais têm um aspecto masculino, crendo que, se tiverem um aspecto muito feminino e arrumado, não serão levadas ao sério, quando é bem pelo contrário: Quanto mais você se arrumar hora de vir a público, melhor.

 


Acima, Natureza morta com jarro. O jarro é o receptáculo feminino, no jarro de água de Galadriel de Tolkien, em contraste com os pés peludos masculinos de Frodo, numa água que, apesar de gélida, é purificadora, num amargor que gera doces efeitos, como num momento de crise na vida da pessoa, um momento que sinaliza um ponto de renovação na vida da pessoa, nas palavras de uma certa sábia psicóloga: “As crises são positivas!”. O jarro é a taça dos campeões, para ver qual é o macho alfa que conquistou o Mundo, recebendo as glórias femininas douradas da vitória, como um homem merecendo uma mulher, sendo esta filha de um pai enérgico, o qual quer que o genro seja digno e merecedor, tratando tal mulher como uma rainha, com total e absoluto respeito. Nesta cena furtiva vemos pequenos roedores, farejando a comida, num Versalhes tomado de roedores, apesar dos salões suntuosos, havendo na corte o papel dos gatos, caçando os ratos e sanando tais problemas, numa época em que toda Paris era endemicamente infestada de ratos, numa das provas de que as cidades terrenas tentam se parecer ao máximo com as cidades metafísicas perfeitas, nas quais há absoluta limpeza e saneamento, como num apartamento munido de uma única sala metafísica de visitas: Não é necessário cozinha, pois não se sente fome ou sede; não é necessário banheiro, porque não é preciso ter necessidades fisiológicas, tomar banho ou escovar os dentes; não é necessário quarto de dormir, porque não há fadiga. O pássaro na cena é a exuberância, nas terras selvagens americanas encantando a Europa, na sedução dos trópicos, como no resort Vila Galé, em Salvador, BA, com seus amplos jardins, piscinas e orla particular, um lugar digno de férias de presidente da República, em encantadoras noites tropicais de luar, muito romântico para quem está de Lua de Mel. O brilho da copa prateada é uma pessoa que sabe brilhar, num caminho autodidata, no qual a pessoa tem que aprender por si a brilhar, trilhando instintivamente seu caminho, como um bicho no mato caçando, sobrevivendo e transmitindo sua genética de esperteza às gerações futuras, na magia das mutações genéticas, transformando furiosos lobos selvagens em dóceis cães de estimação, numa mutação tal que impede que lobos cruzem com cães e tenham prole fértil. Os pêssegos aqui são deliciosos e maduros, num pomar digno de rei. A pele do pêssego é aveludada, suave ao toque, como em românticos lençóis de cetim, como numa pessoa polida, de fino trato, como na maravilhosa voz aveludada de Nat King Cole, uma voz de gentleman, o homem gentil, com tato diplomático, sempre primando pela harmonia entre os povos, na universalidade do diálogo e da concórdia, como no homem de Tao, o qual nada tem a ver com armas, as quais são coisas terríveis, como em homens pacíficos como Chico Xavier, o qual se manteve extremamente humilde até o fim da vida, encantando o Mundo com as cartas psicografadas de entes já falecidos, sendo brasileiro o maior médium de todos os tempos, nesta grande nação que é o Brasil, numa Cultura tão rica, em gênios como Chico Anysio, construindo uma monumental galeria de personagens – gênio total. As uvas aqui estão prontas para a vinificação, doces, maduras, atraindo abelhas furtivas, como no desfile alegórico de uma certa vindima italiana, com as alegorias das abelhas ao redor de uvas doces, no modo como eu próprio já levei uma ferroada de abelha, e dói para cacete, com o perdão do termo chulo. Na cena se desdobra um nobre veludo, na roupa digna de rei, num privilégio, num tecido sexy e agradável ao toque, fazendo metáfora com uma pessoa fina a agradável, num anfitrião polido, numa sala com lindos lustres de cristal coloridos, em deslumbrantes salões metafísicos, havendo, aqui na Terra, pequenas promessas da vida que nos espera após a inevitável morte do corpo físico, o lugar no qual, ironicamente, segue imperiosa a necessidade da pessoa trabalhar ou estudar, mantendo-se ativa, produtiva. As decorações aqui são finas, no tradicional Neoclássico, num momento em que não se imaginava a ascensão da Arte Moderna.

 


Acima, Natureza morta com jogo, fruta e viola d'amore (violação do amor). O cesto é o fator agregador, como um bom anfitrião recebendo os convidados, nesse talento de certas pessoas em ser uma “cola” que une as pessoas, na característica de um bom líder, carismático, em grandes homens como Obama, afirmando sabiamente que um presidente tem que governar para todos, ao contrário de figuras controversas como Evita, uma mulher que dividiu a Argentina em duas: De um lado, o proletariado, que considerava Evita uma santa, uma deusa, um anjo benevolente; de outro lado, a classe média e a aristocracia rural, que consideravam Evita uma puta, com o perdão do termo chulo. Os pássaros mortos remetem a um filme famoso, Cemitério Maldito, no qual um cemitério indígena tinha o dom de ressuscitar seres mortos, mas seres de índole má, como vampiros, numa pessoa ressuscitada que não fazia jus a quem a pessoa era antes de morrer, num mito um tanto preconceituoso, tachando os indígenas de obscuros feiticeiros, sem muita bondade ou benevolência, num certo preconceito, como no filmão O Iluminado, num hotel que, por ter sido construído em cima de um cemitério indígena, era um lugar mal assombrado, cheio de sinais malditos percebidos por um menino de altíssima sensibilidade, um menino que pressentiu que tal situação de isolamento resultaria num surto assassino, no divertido episódio de Friends em que Rachel, ao ler o livro homônimo de Stephen King, o rei do terror, pegou uma faca, com medo de haver intrusos no apartamento, como numa comédia com Kim Baysinger, na qual ela era uma alienígena a qual simplesmente odiou o livro de King – nada como uma boa comédia! Desportes gosta de tecidos nobres, somente acessíveis a aristocratas da corte, como no filme Maria Antonieta, no qual a futura rainha consorte da França tinha acesso sedas de mais fino encantamento, importada das rotas chinesas da seda, no modo como as rotas de comércio são ancestrais na Humanidade, remetendo à saga Star Wars, numa galáxia que tinha comércio entre planetas e sistemas solares, num Ser Humano que nunca vai mudar, em questões ancestrais e atemporais, como no livro de Tao, o qual foi escrito há milênios mas permanece atual até os dias de hoje, em plena Era Digital. Os animais mortos são como o conceito espírita da mortificação, numa pessoa que não é vítima de sinais auspiciosos nem da Sociedade de Consumo, numa pessoa realista, pés no chão, pouco se importando com bobagens mundanas, como tediosas e auspiciosas alas vip de boates, no conceito taoista: A pessoa sábia está farta de estar doente; ela está bem. É o modo como o Espiritismo condena as mortificações físicas, como em fanáticos que se crucificam de verdade, na máxima: Mortifique o espírito; não o corpo. Aqui são os sacrifícios, como rituais ancestrais de sacrifícios a deuses, na revolução da Humanidade que foi o conceito de Deus e de que somos todos filhos Dele, sem haver deuses fantasiados de forças da Natureza. Aqui é como uma pessoa fazendo um sacrifício, como se eu estivesse me casando com uma pessoa a qual não amo profundamente, fazendo do casamento uma conveniência e não um ato de amor, no modo como há pessoas que fazem as escolhas sempre visando a felicidade, como uma grande amiga minha, a qual casou com quem de fato ama, no caminho da felicidade, ao contrário de outra pessoa que conheço, a qual, no dia de seu casamento, estava com os olhos “mortos”, sem vida, fazendo uma escolha sem visar a felicidade – vá ser feliz, criatura! Os pássaros abatidos são o tolhimento, numa pessoa que se sente tolhida, cercada de amizades fúteis e tolhedoras, num processo cognitivo até a pessoa se dar conta de que há dois níveis de amizade – os amigos de fato e os meros conhecidos. Aqui é a morte inevitável, numa Maria Antonieta guilhotinada, no modo como a tradicional monarquia inglesa repudiou veementemente a Revolução Francesa, nessa antiga rivalidade entre Inglaterra e França, como famílias poderosas uma contra a outra na cabeça de Shakespeare. Os pêssegos são como presentes de um vizinho para o outro, no prazer de se presentear.

 


Acima, Natureza morta com lebre, faisão e perdiz. As decorações aqui são ironia de metalinguagem, pois é artista falando de artista, como uma atriz interpretando outra atriz. A decoração aqui é tal privilégio social, como no filme Ilha do Medo, no qual, num grande hospital psiquiátrico numa ilha isolada e longe da civilização, o psiquiatra dirigente tem um gabinete altamente luxuoso, repleto de privilégios, numa certa condescendência, na linha divisória clara entre caridade e arrogância, como eu há alguns dias, desfazendo-me de roupas que eram excesso em meu guardarroupa, doando as peças a um miserável catador de lixo seco, nos versos de uma canção de Duca Leindecker: “Quando alguém te deu algo sem pedir alguma coisa em troca, pense bem, pois é um dia especial”, num compositor de alta sensibilidade, também dizendo: “Sonhei que as pessoas eram boas em um mundo de amor, e acordei neste mundo marginal”, fazendo menção ao contraste entre Físico e Metafísico, com as cidades terrenas, cheias de problemas, querendo se parecer ao máximo com as cidades metafísicas, na mensagem de esperança cristã – o dia de soltura chegará, como nas palavras metafóricas de Dona Florinda em Chaves: “Bom vai ser o dia em que eu irei embora desta vila!”, no fato de que, para morrer, basta estar vivo, num taoismo espírita: Se o seu corpo físico morrer, não tem problema! É como observar uma flor de plástico: Apesar de eu saber de que não se trata de uma flor de verdade, não deixa de ser um consolo bonito. Aqui temos um contraste, com animais vivos e animais mortos, no modo como os bichinhos pet eram populares em Versalhes, como no Antigo Egito, com inúmeros gatos passeando pelo palácio faraônico, em bichos endeusados pelos egípcios, no curioso panteão pagão de deuses, com seres de corpo humano com cabeça de animais, numa transição de pagão para cristão, com as pessoas hoje em dia cultuando panteões de santos, dando a cada santo um atributo, como Santo Antônio é o santo casamenteiro, numa Ísis tranquilamente substituída pela Virgem Maria, na universalidade da espiritualidade humana, num certo patriarcado, no qual o rei dos deuses gregos era homem, nesta imagem que temos de Deus – a de um patriarca idoso e sábio. Aqui estes cheiros de comida encantam os animais vivos. Aqui é como quem sonha demais e quem acorda e atua de fato, como uma pessoa que conheço, a qual esperou demais, sempre se escondendo do Mundo, uma pessoa de bom gosto, predicados e potenciais, numa lástima de desperdício: Espero que na próxima encarnação você não perca tanto tempo! É como pessoas que se destacam já muito cedo na Vida, como um Michael Jackson, o qual pagou um preço alto pela fama, num homem que simplesmente não teve infância, em escolhas duras, difíceis. Aqui temos uma indiferença de convívio, como numa certa casa, na qual havia um cão e um gato, e um mal se importava com o outro, no modo como padres e freiras vivem em mundos diferentes, como em dois tradicionais colégios cristãos de Caxias do Sul: um colégio feminino regido por freira e um colégio masculino regido por padres, no flerte social na hora da saída, com os rapazes indo de encontro às moças, no momento de flerte social, como numa missa, onde casais se encontram em meio a leis religiosas, numa Igreja que quer que nos desculpemos por termos nos masturbado – é um horror puritano. Aqui, há um trabalho pela frente, como depenar as aves e tirar o pelo do coelho, como no personagem Sam em O Senhor dos Anéis, cozinhando um coelho para o amo Frodo, no monstrinho Gollum preferindo comer o bicho cru, in natura, quase causando náuseas nos outros. O prato de ouro aqui é o status, em luxos que causam os desníveis sociais, como uma pessoa que desencarna e acha que segue dona de tal status, observando o fato de que, no momento do Desencarne, as classes sociais se dissipam, como uma pessoa que conheço, a qual sequer cumprimenta a zeladora de seu próprio prédio!

 


Acima, Natureza morta com pavão, papagaio, macaco e cachos de uvas. O pavão é a absoluta exuberância, como no personagem Massimo em O Quatrilho, um homem pavão, galanteador, sedutor, sofisticado, seduzindo a sonhadora Teresa, a qual sonhava não com sua árdua vida campesina, mas com uma vida citadina, cheia de teatros, cafés e ruas movimentadas, fazendo com que Massimo fosse, aos olhos dela, um príncipe. Aqui são os luxos dos reis sóis, com seu zoológico particular, com bichos capturados nos quatro cantos do Mundo, como girafas, numa bolha de privilégios que começou a irritar o povo francês, como num insano Nero incendiando Roma, em autocratas insensíveis, como na rainha insana de Alice no País das Maravilhas, terrível, opressora, no modo como o poder pode corromper homens de bem, na metáfora de Tolkien, num Ser Humano que quer, acima de tudo, poder, como dinheiro, como no programa televisivo Silvio Santos, com cédulas arremessadas no auditório, com pessoas se acotovelando para ganhar uma cédula – é bem degradante e patético. O macaco está embevecido com as uvas, seduzido pelos sinais auspiciosos da Sociedade de Consumo, na metáfora de Matrix, quando o indivíduo é um escravo cego de um sistema, no modo como somos escravos do Capitalismo: Eu tenho que acordar, trabalhar e ganhar dinheiro para comprar uma TV último tipo, um celular último tipo, um computador último tipo e uma roupa da Brooksfield ou da Lacoste. O macaco aqui remete ao excelente clipe de Free Your Mind, ou seja, Liberte sua Mente, do quarteto americano En Vogue, no macaco alienado sem opinião em contraste com um homem berrando e gozando de liberdade de expressão, ou seja, a liberdade de expressão nos faz humanos e não macacos, no texto introdutório do clipe: “Preconceito – você gostaria de ver uma música sobre isso? Aí vai!”. O preconceito nos faz burros, meu irmão. Expresse-se! Aqui vemos sólidas colunas de mármore, talvez numa pedra vinda da Itália em navios, numa força de sustentação, numa força, como Atlas carregando o Mundo, num governo sólido, mas nunca ditatorial, no modo como a paz ditatorial é um artifício, oprimindo o cidadão, num ditador que é uma cópia grosseira do líder amoroso, respeitado e amado pelo povo, como num certo país da Europa Ocidental, um rei respeitado, na tarefa do homem de Tao, que é remeter as pessoas a um nível espiritual superior, atemporal, onírico e pacífico, como o mais fino cristal, na vida de paz inabalável que nos espera, algo muito longe das patéticas guerras do Ser Humano, deixando rastros de fome e destruição – é um horror. A arara colorida é vibrante, doce como manga, alegrando a corte francesa, num amor pelos animais, como pessoas que seguem a carreira na Veterinária, como uma pessoa que conheço, a qual é simplesmente apaixonada por gatos, ao contrário de outras pessoas, as quais acham que é muito trabalhoso e oneroso ter um bicho em casa. Mais uma vez aqui os nobres tecidos de Desportes, num proletário que passava a vida sem saber o que era tocar em tal tecido sedutor, como na capa de veludo do elfo Legolas, de Tolkien, havendo nos elfos tais criaturas nobres e belas, imortais, em elfos que amavam as estrelas noturnas, colocando amor em tais objetos celestes, com duas lindas elfas, as quais eram uma loira, a Estrela Matutina, e a outra morena, a Estrela Vespertina, nos sonhos estelares de um artista, querendo brilhar e ser reconhecido, numa estrela coriscando e vibrando nos céus, sem gênero, sem raça, nas construções desses panteões hollywoodianos, encantando a Humanidade com a magia da Sétima Arte, a qual se consolidou quando imagem se casou com som, fazendo do Século XX o século do Cinema. As uvas são os insumos dos vinhos, uma bebida de tradição tão milenar, num bom vinho branco frutado, repleto dos perfumes das frutas, no lamentável modo como, no Brasil, o vinho de maçã é tão raro, sendo este uma coisa de americano, na chamada cidra. Podemos ouvir aqui o som das aves, como na natureza exuberante da cidade do Rio de Janeiro, numa urbe que tanto pulsa vida, nos versos de Fernanda Abreu: “Cidade maravilha purgatório da beleza e do caos!”.

 

Referências bibliográficas:

 

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.meisterdruke.pt>. Acesso em: 20 mar. 2024.

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 20 mar. 2024.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Depois de Desportes (Parte 3 de 7)

 

 

Falo pela terceira vez sobre o pintor francês Alexandre-François Desportes. Os textos e análises semióticas a seguir são inteiramente meus. Boa leitura!

 


Acima, Natureza morta. A alimentação é uma das necessidades mais básicas de um ser vivo. Os animais abatidos são o sacrifício, como um certo senhor famoso, o qual vê o seu próprio casamento como um sacrifício, não tendo felicidade sexual em tal relacionamento, nessa tendência do Ser Humano em fazer suas escolhas sem visar a felicidade, ao contrário de uma grande amiga que tenho, a qual se casou visando a felicidade, tendo casado com um homem o qual ela amava de fato. A luz entra suave na cena. O receptáculo prateado é a reflexão, no olhar para si mesmo, como um consultório psiquiátrico, no lugar e no momento propício para que a pessoa olhe para si mesma, sob os cuidados de um terapeuta, remetendo a um sociopata que conheci, o qual estava estudando para ser psiquiatra, numa espécie de “dr. Morte”, como no psiquiatra sociopata Hannibal Lecter, brincando com as cabeças das pessoas, uma pessoa a qual DEFINITIVAMENTE carece de apuro moral, neste “nó” que os sociopatas querem fazer em nossas cabeças, como se todos fossem sociopatas e como se tal sociopata fosse a única pessoa boa do Mundo, como um Jesus Cristo, numa cautela muito simples: Nunca dê informações pessoais a um sociopata. Aqui é um silêncio, como na questão espírita da mortificação, numa pessoa se desprendendo de ilusões e de tolos sinais auspiciosos, como um senhor que conheci, o qual dizia sonhar em estar numa festa a qual tivesse como anfitriã Gisele, ao ponto de eu quase dizer a este senhor: “É apenas uma festa, rapaz!”, no modo como as festas não marcam época; trabalhos marcam época, num senhor inativo, vago, inoperante, um senhor que só produzia uma coisa: fezes, e a vida sem trabalho é insuportável. O coelho é a fofura, num animal adorável, como menininhas com bichinhos de pelúcia, na magia de um quarto de menina, com suas belezas, como bonecas e unicórnios, num ponto de reviravolta hormonal na vida da menina: Quando criança, acha desinteressante o mundo e as brincadeiras dos meninos; quando adolescente, começa a se interessar pelos meninos, no símbolo que é o baile de debutantes, deixando a infância para trás e abraçando a vida social. Aqui é na noção taoista, numa pessoa saudável, a qual está farta de estar doente; farta de ser vítima da sociedade de consumo, pois se não estou o tempo todo querendo, posso ter paz, como numa casa muito decorada, saturada de tranqueiras, num excesso, quando a simplicidade é o mais elevado grau de sofisticação, parafraseando da Vinci, o maior astro da Renascença, no poder transformador da Arte, assinalando a chegada de novos tempos, em sopros de renovação como a Revolução Impressionista, num impacto como Madonna nos anos 1980, trazendo toda uma verve charmosa e transgressora, ditando moda em tal época revolucionária, rompendo com a disco music dos anos 1970. As frutas aqui estão no ponto ideal de consumo, doces, tenras, perfumadas, suculentas, deliciosas, como uma vida cheia de trabalho e significância, no modo como a pessoa desencarnada, ao desencarnar, percebe a imperial necessidade de se manter produtiva, no modo como o Plano Metafísico é o oásis para quem gosta de trabalhar, estudar e manter-se produtivo, na delícia que é cursar uma faculdade, esforçando-se para fazer muito bem feitos os trabalhos que os professores exigem, num aluno brilhante, que enche o professor de orgulho e satisfação. Aqui é a força do trabalho, no trabalho de caça e coleta, na divisão sexual do trabalho: Aos homens cabem as atividades mais agressivas, como caça e pesca; às mulheres, as tarefas menos agressivas, como coleta e guarda de crianças, como no divertido personagem misógino televisivo Sheldon Cooper, o qual disse a uma cientista que esta deveria abandonar a Ciência e se tornar mãe e cuidadora de crianças, mantendo uma casa limpa e organizada, dando conta dos serviços de lavar e passar roupa, num Sheldon enfurecendo tal cientista! Aqui é uma mesa farta, nos privilégios de rei, talvez num rei insensível em relação aos flagelos de seu próprio povo, nas sábias palavras de Obama: “Um presidente tem que governar para todos!”, contradizendo um certo senhor infame, o qual dizia que governaria apenas para a classe média.

 


Acima, Natureza morta com prata. No topo temos a face maliciosa do deus do vinho, nessa bebida de tradição milenar, existindo desde a Antiguidade, numa bebida que é para ser degustada gole a gole, em notas complexas de sabor e aroma, no deus da orgia, da diversão, num momento de desligamento, como no happy hour, quando a sisudez do dia é deixada para trás e os drinques tomam conta do momento, na sabedoria popular: Ninguém é “de ferro”. As frutas ornadas em um cone, numa pirâmide, são a estratificação social, na era pré democrática na qual a forma mais digna de governo era a sucessão monárquica, atacada pela Revolução Francesa, pois vivemos no auge do paradigma democrático – não existe forma de governo mais legítima, em sopros de renovação, num presidente que será destituído, numa simples questão de tempo. Aqui as pratarias são complexas e belas, dignas de mesa de rei, em privilégios, como na elite burocrática comunista, gozando de privilégios, como no insano déspota nortecoreano, numa Coreia do Norte miserável, sem escolas, hospitais ou estradas, num ditador insensível, quiçá sociopático, que mal se sensibiliza com os flagelos do próprio povo, investindo tudo em armistício, como num Putin, querendo assustar o Mundo com ameaças de fazer uso de tal tecnologia bélica atômica, nessa grande especialidade humana que é o Ódio, o qual é menor que o Amor, havendo tal paz santa no Plano Metafísico, num plano em que somos todos amigos; um plano em que ninguém quer se sobrepor a ninguém. Aqui é uma cena altamente aprumada por um decorador, como um senhor que conheço, o qual é decorador de festas de casamento, arrumando mesas glamorosas e ricas, dignas de rei, em festas ritualísticas, no poder implacável do mundo heterocentrado, com tudo girando em torno da união homem/mulher, como em sociedades neolíticas indígenas brasileiras, verdadeiros fósseis vivos do passado da Humanidade, remetendo às tribos ianomâmis sofrendo com intoxicação por Mercúrio, tudo culpa da ganância dos garimpeiros, na metáfora do Anel: Acima de tudo, o Ser Humano quer poder, como um certo senhor o qual, em posição de poder interceder a serviços de tais tribos, foi omisso e nada fez, no caminho da insensibilidade, do tipo “Não vou me preocupar com um bando de índios no meio do mato!”. As flores são a beleza feminina, a delicadeza, na flor na lapela de um homem, oferecendo a flor a uma donzela, nas palavras de uma certa senhora, a qual muito respeito: “Não se fazem mais cavalheiros como antigamente!”. A cena aqui parece uma loja de decoração, ou um antiquário, cheio de relíquias, talvez num colecionador, como o senhor meu cunhado, já falecido, o qual tinha uma grande coleção de ornatos que ele foi colecionando ao longo da vida, remetendo ao infame sítio de Atibaia de Lula, no qual estavam guardados todos os objetos que o casal presidencial foi recebendo ao longo dos mandatos do petista, remetendo à casa de uma certa senhora, cheia de penduricalhos: o que fazer com tudo isso quando o dono desencarnar? É como no museu de Jorge Amado em Salvador, no escritor dizendo sobre seus ornatos: “Não posso viver sem minhas desnecessidades!” Aqui é como na feira do Parque da Redenção nos domingos de Porto Alegre, com antiguidades sendo vendidas, como minha família doou a um brique caxiense uma espada que meu tio avô teve quando militar, no hábito americano das garage sales, ou seja, das vendas de garagem, quando uma família vende coisas as quais não mais quer possuir, no típico ato americano de faturar uma graninha – o que pode ser mais americano? Neste quadro temos uma forte metalinguagem, pois ao Desportes retratar tais obras de arte e prataria, é arte falando de arte, como atriz interpretando atriz – é uma ironia. Aqui são os excessos decorativos de uma Versalhes frívola e afetada, no modo como no Antigo Egito tudo girava em torno do faraó, o sonho de qualquer déspota atual, numa fome napoleônica por poder, como no jogo de tabuleiro War, num líder insaciável, um inimigo da Paz.

 


Acima, O caçador indiano. As linhas retas são o falo racional, na advertência fálica do Código de Hamurabi: Se você não quer sentar em cima disso aqui, comporte-se! É a iluminação do pensamento racional, fazendo atalhos e indo direto ao ponto, numa objetividade, nas palavras de um filme de Allen: “Subjetivo é objetivo”, ou seja, por mais sutil que algo possa ser, sempre acaba de forma clara e objetiva, na sabedoria popular de que a verdade vem à tona, como num dia amanhecendo lentamente, mostrando-nos a verdade clara, num submundo escuro que vai se esvaindo, como num episódio do desenho animado da Pantera Cor de Rosa, quando esta foi a um castelo à noite, num castelo mal assombrado, cheio de assombrações, monstros, fantasmas e vampiros, só que o dia amanheceu, e as assombrações se dissiparam no poder de Eos, a deusa dourada da Aurora, no poder implacável da beleza e da verdade, no subtítulo da Mulher Maravilha – o Espírito da Verdade, com seu laço mágico, o qual, ao enlaçar alguém, faz com que este só diga a verdade, na verdade eterna de Tao, na Vida Eterna, sendo Deus tal infinito, sempre, no poder descabido da Eternidade, no fato de que jamais findaremos! A árvore com frutas é a fartura, numa cornucópia, numa mesa farta, num reino rico, em países ricos como o Canadá, limpo, organizado, fazendo com que a cidade de Nova York pareça um terceiro mundo! Aqui temos uma rica diversidade biológica, na força da Vida, sempre lutando para sobreviver, como num artista sobrevivendo a décadas de carreira, no modo como o sucesso pode ser um problema, pois a pessoa bem sucedida tem que saber virar a página e superar tal sucesso, e os eventos são vastos, como num Michael Jackson, buscando sobreviver ao esmagador do superálbum Thriller, no início dos anos 1980, a era dos cabelos arrepiados e da gíria “chocante”, na noção taoista – o sucesso é um problema, como um Oscar, o qual é uma bênção e uma maldição, num artista que tem que ter a força para tocar a carreira para frente após tal momento doce de sucesso dourado. Aqui é como na biodiversidade da Arca de Noé, cheia de bichos, no modo como a flora e fauna americanas encantaram a Europa na Era das Navegações, catalogando tais seres diferentes, exóticos, selvagens, fascinantes, no modo como a Terra é tão ínfima e maravilhosa, com astrônomos com dificuldade para encontrar esferas ricas em Vida como a Terra, na Astronomia que está tão aquém de desvendar os segredos do Universo. Os peixes nadando são a deliciosa sensação de liberdade, como na beira do mar, no ímã sedutor do vazio da orla, uma página em branco na qual podemos viver e escrever, no fato de que a sensualidade reside exatamente nos espaços vazios, pois esses são úteis ao Mundo, como um copo, útil em seu vazio, como um artista servindo para inspirar as pessoas, em filmes arrebatadores, causando comoções ao redor do Mundo, no poder da Arte em inspirar as pessoas, num artista que se sente digno em tal missão de inspirar. O indiano está anônimo, de costas, numa pessoa que não gosta muito de aparecer, ao contrário de uma Gisele, a qual, se quiser passear por algum lugar no Brasil, tem que se disfarçar para não ser reconhecida, no lado B da fama, a qual pode ser uma prisão, como uma Xuxa, a qual só pode sair de casa munida de uma penca de seguranças. Aqui é uma explosão de Vida, numa exótica Índia, na paixão de Desportes por tal exotismo, na beleza da cidade do Rio de Janeiro, com uma mescla sedutora de urbe com natureza, em aves exóticas cantando, num clima quente, com pessoas praticando esportes ao ar livre, numa cidade que exala Vida, muita Vida, no fascínio que os trópicos exercem sobre regiões de clima mais frio, como na Escandinávia e seus invernos longos e deprimentes. O indiano usa um adorno floral na cabeça, no modo do Homo Sapiens de fabricar tais adornos, numa Arte que tanto nos faz humanos, no momento de reviravolta humana, quando o Homem passou a pintar cavernas, em encantamentos, no modo como a Arte pode ser mágica.

 


Acima, O caçador indiano e pescador. A mulher ao centro é mais um adorno, relegada a tal função fútil pelo Patriarcado, como uma dondoca improdutiva, uma pessoa desinteressante que nada faz de construtivo, ao contrário de uma certa senhora que conheci em Porto Alegre, a qual eu julgava ser uma mera perua, uma senhora que nas últimas eleições municipais se elegeu vereadora, mostrando e provando que eu estava muito, muito equivocado em relação a ela, no modo como, se sou subestimado, posso agir, como Jesus Cristo, cuja importância só foi sentida séculos após sua morte terrível, sendo Jesus nosso irmão depurado, perfeito em seu avanço moral, talvez um espírito que nem se lembre de sua própria crucificação. O caçador aponta ao alto sua flecha, num objetivo, numa meta, como uma pessoa que encontrou sentido na Vida, sabendo quem é e para onde vai, como no processo cognitivo do Patinho Feio, o qual descobriu que nunca foi pato, mas cisne, um lindo cisne que, após atravessar melancolicamente um lago sombrio, acabou se encontrando, na questão da pessoa saber quem ela é, como no processo de identidade de Mulan, da Disney, a menina que vai à guerra para saber qual é o seu lugar no Mundo, como num colega que tive no Ensino Fundamental, um homem que se tornou padre pare saber qual é o seu lugar no Mundo. A flecha fálica aqui é o líder, o macho alfa, no rei leão que rege o grupo pela selva, na figura do leão medroso de O Mágico de Oz, o leão que queria ter coragem de rei, como no universo de He-Man, quando o tigre trêmulo e assustado chamado Pacato torna-se o paladino e corajoso Gato Guerreiro, adquirindo a força e a coragem para entrar na cena da batalha e derrotar as destrutivas e malévolas forças malignas do vilão Esqueleto, o vilão que destruiu o World Trade Center, no episódio de que os EUA jamais se esquecerão, numa espécie de cicatriz na identidade coletiva, num corajoso Obama mandando executar oficialmente Bin Laden, na questão taoista: A execução tem que ser oficial, pois, do contrário, você só manchará suas mãos de sangue! A mulher faz a colheita de flores, como numa linda vindimista, colhendo a uva na vindima, inspirando o traje da rainha da Festa da Uva, no traço talentoso de uma certa estilista, a qual faz uma grande pesquisa ao conceber tais trajes, neste excelente modo de expressão que é a Moda, como num artista para o qual é visceral escolher o que vestir na hora de ir a público. A grande e forte palmeira no quadro é o sustentáculo, como num governante sólido e respeitado, como numa impositiva Elizabeth I, conseguindo se vender tão bem perante os olhos do próprio súdito, gerando lendas reverenciais, com a pele branca como neve e o cabelo vermelho como fogo, nessa rara capacidade da pessoa em inspirar o corpo social em torno de algo válido, que é a regência sábia. No pé do quadro, dois homens estão coadjuvantes, observando o trabalho do exímio caçador, numa masterclass, nos conhecimentos passados oralmente de geração para geração, num estágio anterior ao momento decisivo da Humanidade, que foi o advento da Escrita, quando o Ser Humano conseguiu perenizar o conhecimento, em livros tão fascinantes como Tao, um livro que, apesar de ter sido escrito há milênios, permanece atual em pleno século XXI – é um mistério. As aves aqui voam livres, desafiando as habilidades do caçador, como no filme A Lagoa Azul, um tanto misógino, mostrando a mulher zombando das tentativas do homem em se libertar de tal ilha deserta, na mulher se recusando a sair da ilha e voltar para o Mundo, no mito de Eva, a qual trouxe a serpente da malícia a Adão, destruindo este. Vemos aqui uma diversidade de frutas, em frutas deliciosas da Índia como a manga, num perfume tão peculiar, deliciosa, sedutora, na grande invenção de Tao que são as frutas em seus sabores, como num colorido buffet de café da manhã de hotel, com seus sucos e frutas coloridas, numa refeição que faz com que nos sintamos reis – é uma delícia. A flecha aqui é uma produção de carreira, numa pessoa ambiciosa, que quer chegar longe, encontrando significado nobre na Vida.

 


Acima, Cão de Luís XIV. Mais um indicativo da frivolidade de Versalhes, num rei gastando dinheiro à toa, para retratar um animal, enquanto o povo francês sofria com preço do pão, resultando num inevitável golpe de estado, remetendo a um certo episódio infame, numa turba raivosa invadindo e desrespeitando. O cachorro é a fidelidade, num animal que faz uma festa quando chegamos em casa, num animal tão autêntico, que deixa claro quando gosta ou não de algo, ao contrário do gato, o qual é mais enigmático e imprevisível. O cão fareja uma ave, num olfato tão aguçado, como nos cães treinados para detectar drogas em bagagens em aeroportos, numa eterna luta contra as drogas, remetendo ao episódio recente da legalização da Maconha em um país europeu, numa droga que pode anuviar o pensamento do usuário e trazer este para um quadro de sequela, ao contrário do Brasil, no qual a Maconha segue proibidíssima, havendo certas pessoas crendo que deveria haver uma linha divisória clara entre usuário e traficante, numa cadeia de narcotráfico desesperada para vender droga, imaginando muitas formas de burlar a fiscalização, como envolver a droga com café para despistar o faro dos cães de inspeção. Aqui é o momento de luta, numa pessoa lutando para trazer algo para casa no fim do dia, como na responsabilidade de um pai caçador, com a incumbência de trazer comida para casa no fim do dia, como pais pássaros alimentando os filhotes no ninho, como um pai sustentando um lar, certificando-se de que nada em casa faltará, neste grande peso de responsabilidade, havendo pessoas as quais simplesmente jamais terão filhos, exatamente para escapar de tal pesada responsabilidade, nas palavras de um certo senhor para mim: “Se tu quiseres continuar a tua vida do jeito que esta está, não tenha filhos! Se tiveres filhos, tua vida jamais será a mesma!”. Temos aqui um grande paisagista que é Desportes, retratando a flora francesa, numa função pictórica, retratista, muito antes do advento da Fotografia, numa época em que Fotografia custava muito, muito caro, como na brasileira princesa Isabel bancando tais luxos na corte brasileira, chegando até os dias de hoje, quando a Fotografia é algo absolutamente comum e banal, na revolução da Digitalização, democratizando tecnologias Mundo afora, numa era em que qualquer pessoa tem acesso a tal tecnologia, definitivamente libertando a Arte da função retratista, sofisticando-se até o advento do Cinema numa nova forma de Arte, no modo como as novas tecnologias sempre virão, nesse terreno tão vasto que é a Internet, com tanta informação democratizada, como em meu trabalho aqui no blog, encontrando muitas imagens de obras de Arte, numa facilitação e numa conveniência como nunca antes na História da Humanidade, numa digitalização sem freios ou fronteiras, nos sonhos liberais de Smith de um Mundo desprovido de governos estatais, sonhando com uma Economia Global autorregulada. O dia aqui ou amanhece ou entardece, e não sabemos. É num limiar sexy entre claro e escuro, como no contraste barroco entre luz e sombra, no advento inevitável de novas ondas de Arte, como na formidável transgressão do Modernismo Brasileiro, ou como no Impressionismo, com formas inovadoras de se fazer Arte, “aposentando” a tradicional Arte Pictórica Acadêmica, havendo nos museus tal prova de épocas marcadas por estilos próprios e peculiares, como num certo senhor, o qual AMA o movimento Art Nouveau, talvez um espírito o qual, em uma encarnação passada, viveu em tal época, talvez em cidades vibrantes como Paris, com suas ruas movimentadas, com teatros, cinemas e cafés, como nos sonhos de vida citadina da personagem sensível Teresa, de O Quatrilho, uma mulher que não gostava da vida árdua campesina que levava, apaixonando-se por um homem que, aos olhos de Teresa, personificava o que esta queria para si, numa história livremente baseada em fatos reais. O cão aqui se sobressai exatamente por que é o branco em contraste com o escuro, como na majestosa Primavera de Botticelli, com os deuses da Primavera destacados, claros, sobre um fundo enegrecido, profundo, no discernimento taoista simples: Se digo que algo é escuro, é porque conheço o oposto, que é claro.

 


Acima, Paisagem com cachorro e perdizes. A paixão de Desportes pelos animais e pelas caçadas. As aves fugindo são tal instinto de preservação da espécie, na dureza material, com os menos espertos sendo pegos, fazendo com que os mais espertos passem para frente sua genética, nas leis básicas naturais da cadeia alimentar, na teoria darwinista da lei do mais forte, na lei da seleção natural, uma espécie de liberalismo biológico, numa Natureza autorregulada, com suas próprias leis e parâmetros, no modo como o planeta Terra é tal mundo autossuficiente, renovando-se constantemente, com produção plena de água e oxigênio, num mecanismo perfeito, ainda um mistério para o conhecimento humano, num Cosmos estupidamente vasto, sendo inútil querer catalogar todas as estrelas que existem no Universo, na máxima islâmica, que diz que Alá é grande, na universalidade humana em busca de uma Inteligência Suprema, em revoluções como no monoteísmo herege transgressor de Aquenáton, derrubando o politeísmo, na noção de que não há deuses, mas nossos irmãos depurados, que gozam da felicidade suprema, na figura perfeita do arcanjo, o espírito que aprendeu tudo, sendo nós humanos pequeninos frente a tal apuro moral divino. Esta árvore aqui é uma videira, com vistosas uvas doces, em cachos perfumados, na ancestralidade da vinificação, no modo humano de se fabricar Álcool, desde o saquê de arroz até a cachaça de cana, na ironia de que, desde tempos imemoriais, a colheita da uva é feita estritamente à mão, encarecendo o custo final de uma garrafa de vinho, numa Humanidade a qual, talvez, daqui a séculos ou milênios, invente uma forma de colheita automatizada de uva, no modo como vinho não é para ser bebido, mas degustado em notas complexas, sem aqui eu querer ser pernóstico ou afetado! A uva é o árduo trabalho de vindima, na magia do Verão, a estação das férias e do descanso, nas desejadas férias escolares, no momento da orla, do mar, no duro momento de se encerrar o veraneio e voltar a encarar a dureza da Vida, como acordar cedo em gélidas manhãs de Inverno, no modo como a Vida exige que tenhamos tal espírito guerreiro, encarando novas páginas desafiantes, no modo como não importa se esta página é doce ou amarga; esta página tem que ser virada, num novo momento sendo encarado, na formidável metáfora de As Horas, de Michael Cunningham, o qual pude conhecer em Porto Alegre quando este veio para a Feira do Livro da capital gaúcha. O cachorro aqui está totalmente concentrado no momento da caça, como numa pessoa concentrada num trabalho, como na concentração de um cirurgião, o qual sabe que não pode se distrair, num peso de responsabilidade, como num cirurgião fazendo uma cesariana, num momento de enorme seriedade, numa pessoa que sente nas costas tal fardo de responsabilidade, no modo como a maturidade é um momento de divisor de águas na vida de uma pessoa, no glorioso advento do juízo e da sabedoria, no modo como não é bom ser jovem demais ao ponto de não se ter tal juízo, no maravilhoso modo como as fases da Vida passam, deixando rastros de aprendizado, num espírito que desencarnou sendo alguém melhor do que quando reencarnou, havendo na depuração o sentido para toda e qualquer encarnação, como num aluno cursando uma faculdade, na conquista do fálico canudo de diploma, na sabedoria de que a caneta é mais poderosa do que a espada. O bosque aqui é primaveril com flores douradas silvestres, na magia silvestre, com flores que não precisaram ser semeadas pela mão humana, nesta deslumbrante invenção de Tao que são as flores, na beleza de se dar ou receber um buquê farto e colorido, no costume de se presentear uma diva do teatro com flores, em atrizes que se tornam mais do que atrizes, tornando-se deusas reverenciadas. As aves aqui são espertas, pois se escondem do cão, como uma pessoa discreta e reservada, sabendo que a exposição midiática pode ser problemática, em celebridades que simplesmente não podem passear calmamente na Rua.

 

Referências bibliográficas:

 

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.meisterdruke.pt>. Acesso em: 20 mar. 2024.

Alexandre-François Desportes. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 20 mar. 2024.