Por Janaína Lopes, G1 RS


Justiça Federal determina permanência de cachorras na sede dos Correios em Porto Alegre

Justiça Federal determina permanência de cachorras na sede dos Correios em Porto Alegre

A Justiça Federal determinou, em liminar concedida na última segunda-feira (12), a proibição da remoção de duas cachorras que vivem no pátio do complexo operacional dos Correios, em Porto Alegre. A medida atende a uma ação pública dos funcionários, que afirmam que Branquinha e Pretinha moram no local há 10 anos e recebem cuidados dos trabalhadores.

A empresa havia determinado a remoção e encaminhado os animais para a adoção. Um adotante chegou a tentar buscar Branquinha e Pretinhamno dia 22 de junho, mas foi impedido pelos funcionários.

Os Correios alegam, no processo, que não autorizaram a permanência dos animais na sede. Dizem ainda que devido à alta circulação de carros e pessoas no pátio, não seria seguro manter as cachorrinhas no local. Leia a nota à imprensa abaixo.

Sidney Mayhofer Galgaro, um dos funcionários que impediu a retirada das cachorras, é autor da ação. Ele ainda registrou um boletim de ocorrência por maus-tratos na Polícia Civil.

"É uma falta de respeito porque todos os funcionários cuidam delas todo esse tempo", diz ele, que trabalha há 12 anos no complexo e afirma que as cachorras sempre estiveram lá.

"Esse tempo todos elas sempre tiveram vínculo com os funcionários que cuidam delas. A gente alimenta, leva no veterinário. Várias pessoas que sempre se importam e nunca deixaram faltar nada para elas", afirma. Branquinha e Pretinha têm casas e caminhas, doadas pelos funcionários.

O advogado Rogério Rammê, que atua no caso, afirma que Branquinha e Pretinha podem ser consideradas cães comunitários, de acordo com a lei estadual de 2019 que garante os direitos dos animais que vivem em um local e possuem vínculos com a comunidade. Os funcionários entraram com pedido junto à prefeitura para terem reconhecidos o status de tutores das cachorrinhas.

"A legislação do estado do RS protege a Branquinha e Pretinha na condição de sujeitos de direitos e de animais comunitários. Elas habitam há cerca de uma década e desenvolveram laços de afetividade, de dependência e de manutenção. Assim, a remoção das cadelas agora, de forma abrupta caracterizaria crueldade flagrante, impactaria no bem estar físico, psicológico desses animais. Elas são sencientes, elas sofrem tanto física quanto psicologicamente", aponta.

Branquinha e Pretinha vivem na sede do complexo operacional dos Correios há 10 anos, segundo os funcionários — Foto: João Nobre/RBS TV

O defensor ainda afirma que houve concordância tácita dos gestores do local, que permitiu a permanência das cadelas por 10 anos.

A autora da liminar, juíza federal substituta Clarides Rahmeier, considerou laudos de veterinários que apontaram que Branquinha e Pretinha já estão em idade avançada e devido a ligação e dependência em relação aos funcionários, podem correr riscos de saúde.

"As conclusões (...) são uníssonas no sentido de estarem presentes vínculos afetivos com as cadelas 'pretinha' e 'branquinha' e que a remoção abrupta dos cães lhes pode acarretar prejuízos irreversíveis à saúde física e mental", diz.

Nota dos Correios

Em relação a situação das cadelinhas Pretinha e Branquinha, esclarecemos que o Centro de Cartas e Encomendas de Porto Alegre é um local de grande circulação de veículos, além de empregados e também de clientes. Por isso, para segurança das pessoas, das rotinas operacionais e das próprias cachorras, os Correios seguem buscando alternativas de moradia para os animais, como a adoção responsável por voluntários que se comprometam a levá-las para um lugar adequado e seguro.

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