CONTRA A VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO

A tentativa de barrar e silenciar ação política das mulheres faz parte da experiência vivida pelas brasileiras. O machismo não escolhe hora nem lugar, mas atua duramente nos espaços de poder e decisão quando as mulheres rompem os limites do privado, encontrando a violência como obstáculo. Tal prática, misógina, reflete e resulta na desigualdade política, afeta a democracia. E uma democracia sem mulheres é incompleta.

Neste exato momento, uma absurda ofensiva se desenvolve contra deputadas federais, por parlamentares conservadores, em especial no processo de discussão sobre o Marco Temporal.

De nítido viés machista e racista, eles pedem a cassação das deputadas federais Sâmia Bomfim (SP), Célia Xakriabá (MG), Talíria Petrone (RJ), Fernanda Melchionna (RS), Érika Kokay (DF) e Juliana Cardoso (SP), mulheres do campo da esquerda e que têm forte atuação em defesa de uma sociedade democrática.

Este fato não é novo, tem como exemplo a experiência vivida por muitas de nós. Eles usam argumentos misóginos, discriminatórios, ameaçam até mesmo fisicamente, usam falsas teses, afrontando todos os parâmetros de respeito às leis. Contrariam princípios constitucionais da igualdade de gênero e de raça. Passam por cima do regimento da Câmara dos Deputados. Agridem a democracia. Descumprem a Lei 14.192/21 que tipificou a violência política de gênero.

É URGENTE QUE A SOCIEDADE BRASILEIRA se pronuncie em favor destas deputadas e contra esta ofensiva fascista, exemplo de como o ódio contra as mulheres faz parte de suas práticas.

É PRECISO QUE TODAS AS INSTITUIÇÕES, em especial a Câmara dos Deputados, se pronuncie em defesa do legítimo mandato destas parlamentares, pois não nos calaremos!

JAMAIS ACEITAREMOS que estas bravas lutadoras pela igualdade e pela democracia sejam objeto de julgamento em Comitê de Ética Parlamentar, especialmente quando aí repousam graves denúncias de violência política cometida contra mulheres no exercício de seus mandatos. Muito menos que venham a ser julgadas por fazerem o trabalho para que foram eleitas.

Reafirmamos: toda vez que uma mulher vem à política alguém tenta impedir que avance. Isto é incompatível com uma sociedade democrática. É uma grave violação ao direito de serem eleitas, exercerem seus cargos e viverem sob a égide do respeito.

É Por Todas Nós este grito de sororidade, de apelo à democracia.

Estaremos sempre juntas, pela vida e pelos direitos das mulheres à igualdade.

Assinam:

Maria do Rosário – Deputada Federal (PT/RS)