Georgia A. F. Griffin
Em uma aventura de sua mãe, Rosalyn e Georgia conheceram uma guilda de bruxas chamada Flosnigrum, onde passaram bom tempo juntas e estudando métodos para trazer a criança de volta a vida, com sucesso, no dia 05 de outubro, após 12 anos morta, Georgia retornou a vida após um ritual feito pelas bruxas com auxílio de dois amigos extremamente poderosos
No entanto, não seria justo retornar a vida de alguém que já morreu sem algo em troca, A Morte cobrou da criança um preço bastante alto pelo seu retorno. A partir daquele momento, Georgia seria a âncora entre o plano espiritual e o real, sendo responsável por fazer a travessia de quaisquer seres provindos daquele plano para o espiritual quando mortos. A criança cresceu anos e anos tendo que enfrentar espíritos cara-a-cara, presenciar a morte, além da tormenta de espíritos corrompidos que a perseguiam por misericórdia e implorando para encontrarem a paz no outro plano.
Estar viva jamais compensaria o desprazer de passar por tudo o que ela enfrentaria agora, foi então que passou a desenvolver ainda mais repúdio à mãe. Georgia ressuscitou com o corpo infantil que sempre teve, apesar de ter passado mais de dez anos como espírito, a adolescência estava chegando, desta vez fisicamente e mentalmente ao mesmo tempo, fazendo com que a rebeldia assumisse sua cabeça.
Durante uma discussão, Georgia, como âncora entre os dois mundos, expulsou a ligação dos demônios com a sua mãe, impedindo-a de conseguir evoca-los ao plano real como castigo por toda a maldade que sua mãe havia feito a todos. Ela, então, saiu debaixo das asas de Flosnigrum e seguiu rumo de sua vida sozinha, tornando-se a maior arqui-inimiga de sua própria mãe.
Acordou após algumas horas, a primeira coisa que percebeu por lá foi a lareira acesa crepitando a lenha, descobriu-se do pano velho que tinha por cima do corpo e sentou-se no estofado duro que repousara. Estava dentro da casa em que seu pai se refugiava, olhou o interior atenta, a sua direita tinha algo parecido com uma cozinha destruída e empoeirada, parecia ser usada como depósito ao invés de local para refeições. Ela levantou-se do sofá e olhou para a esquerda, pôde ver a janela de vidro embaçado e sujo na parede de madeira, a vista era o campo de trigo onde havia encontrado seu pai, foi só então que lembrou do que realmente estava fazendo, ajeitou as vestes e as madeixas e seguiu rumo à janela para ver se ele ou alguém estava lá fora, entretanto ao passear pelo chão amadeirado, a madeira rangiu e o toque de sua bota de salto ecoou embaixo da casa, foi então surpreendida por uma voz que bradou debaixo da madeira, como um porão:
— Georgia? Aaaah, filha, eu já vou, me espere aí! - a voz bradou abafada pelo chão de madeira.
— Era óbvio que isso ia acontecer, ela achou mesmo que iria encontra-lo sem ninguém por perto? - uma mulher parecia falar de dentro da cozinha.
Assustada com aquilo, Georgia lembrava-se de ter olhado por muito tempo aquele lugar, se quer tinha alguém lá dentro, foi então que pôde notar dois espíritos conversando por lá, uma idosa e um jovem de cabelos compridos que usava vestes pretas e uma espada longa na cintura. O olhar do espírito jovem era tão penetrante e brilhoso que, pela primeira vez, fez o coração de Georgia palpitar mais rápido, seu estômago parecia fazer cócegas por dentro, o rosto da garota corou-se na hora.
— Veja só mãe, ela está assustada, não seja tão indecente! - disse o espírito jovem.
— Para mim ela só está decepcionada por ver que o pai dela é um monstro! - respondeu o espírito mais velho acompanhado de uma risada exagerada.
— Vá para os porcos, velha nojenta! - retrucou Georgia irritada com aquilo.
⚓ A Âncora ⚓
Georgia é fruto do romance de uma bruxa e um herege, conhecidos como Rosalyn Falck e Delior Griffin, entretanto a rivalidade do tempo entre o casal, deixou com que a garota fosse dividia entre seu relacionamento paterno.
Rosalyn, sua mãe, é uma bruxa poderosa que assume o controle de bestas, está viva até hoje e também é a maior causa do ódio presente em Georgia. Seu pai, Delior, foi um bruxo caçado e morto por purgantes durante uma fuga do reino de Asthorn, entretanto retornou a vida como um vampiro, o que lhe tornou um herege.
Enquanto seu pai estava desaparecido em meio a sua transformação, Rosalyn ensinou a filha desde sempre o uso da magia para feitos poderosos, entretanto algumas semanas após o aniversário de oito anos de Georgia, sua mãe falhou durante a evocação de Zepar, um demônio da Goétia, causando uma grande conturbação na família; irritado com os comandos audaciosos de Rosalyn, o demônio perfurou o coração de sua filha.
Rosalyn agiu rápido e conseguiu assegurar o espírito de Georgia naquela plano e expulsar o demônio a tempo de evitar perder sua filha para ele. A criança então passou toda a "vida" como um espírito preso ao lado da mãe, que conseguia comunicar-se com ela e fazê-la, muitas vezes, materializar-se por onde ia. Os anos se passavam e Georgia acompanhou a mãe anos e anos em jornadas e aventuras com seus amigos, durante esse trajeto, aprendeu ainda mais feitiços e adquiriu conhecimento de muitas coisas. Rosalyn havia prometido à filha que um dia iria conseguir traze-la de volta a vida, mesmo que isso custe sua própria vida.
Georgia viajou por países e reinos diferentes durante meses em busca de seu pai, nunca mais teve notícias de sua existência, se quer sabia se ele realmente tinha sobrevivido aos ataques. Somente quando passava por um vilarejo nórdico, recebeu notícias e pistas sobre a existência de um "herege", como chamavam um vampiro com poderes de um bruxo. A descrição física era bastante semelhante a de seu pai, com exceção do rosto desconfigurado pela transformação; foi então que a garota decidiu ir atrás do homem mencionado.
Chegando lá, encontrou, no meio de uma plantação enorme de trigo, um homem alto e forte, usava roupas despojadas e sujas, tinha os cabelos na altura dos ombros e o rosto marcado por cicatrizes e torções. Seus olhos brilharam ao reconhecer a figura paterna das pinturas que Rosalyn mostrava, correu até o herege às pressas, gritando seu nome e pedindo socorro, foi então surpreendida por um espírito que surgiu bem em frente a ele. Ela parou imediatamente e, por fim, olhou ao redor, pôde perceber que havia espíritos espalhados por toda a área da plantação.
Seu pai, o herege, era um assassino, já matava os outros por muito tempo para saciar sua sede por sangue e o ódio que sentira por suas emoções afloradas. Os espíritos gritavam e xingavam a figura paterna, que se quer podia vê-los; espantada com tudo, Georgia tapou os ouvidos para tentar inibir todo o barulho causado em sua mente pelos espíritos, enfraquecida e bastante assustada, apagou nos pés de seu pai, pouco depois de correr até ele.
Os olhos do espírito velho arregalaram-se com a audácia, enquanto o jovem espírito ria da situação embaraçosa, Georgia revirou os olhos e pôde perceber um ranger da madeira atrás, seu pai estava saindo do porão carregando um lampião, sua aparência era mais agradável, tinha até penteado os cabelos.
— Com quem estava falando? - questionou o pai.
— Ninguém, papai. - evitando contar tudo isso, ela preferiu desviar o assunto.
— Nós temos muito o que conversar, filha. - a voz de Delior soou melancólica e desesperada.
Georgia e Delior conversaram a noite toda e esclareceu toda a situação de ambos, sem onde ir, a garota preferiu ficar ao lado do pai e ajuda-lo a enfrentar os problemas causados pelo vampirismo em troca de ensinamentos e proteção.
Georgia passou três anos ao lado do pai, tempo suficiente para criar uma enorme afinidade, discussão e experiência em combate com lâminas e lutas corporais. Adquiriu uma enorme destreza com armas brancas, mesmo aquelas que não tinha tanta prática, podia ser rapidamente analisadas e manuseadas pela garota.
Foram treinamentos intensos e sem descanso, todos os dias de segunda a sábado, Georgia treinava combate com o seu pai, que era um vampiro e bem mais ágil que a garota com físico humano. Georgia nunca conseguiu derrotar o seu pai no combate, entretanto, um único dia conseguiu coloca-lo em uma enrascada boa o suficiente para fazê-lo recuar.
O espírito jovem que vagava na casa onde seu pai se refugiava tornou-se melhor amigo de Georgia, passavam horas juntos conversando e rindo pelos campos de trigo, foi então que começaram a ganhar ainda mais afinidade um pelo outro, aos quinze anos, Georgia materializou Khaled naquele plano e deram início a um romance vivenciado a partir de agora de forma bastante limitada.
Georgia sabia que não duraria tanto tempo, ele era um espírito e seu preço por ficar tanto tempo materializado no plano real iria chegar logo. Isso, no entanto, não os abalou, foi um dos momentos mais felizes para a garota, que com o passar dos anos, aproveitou do controle sobre os espíritos para alterar os sentimentos e percepções de Khaled, fazendo-o ama-la cada vez mais e desejar cada vez mais estar ao seu lado. Inocente, jamais imaginou a grande maldade em manipular alguém assim, após cinco anos juntos e vivendo um romance, agora falso, Georgia resolveu entregar sua virgindade ao espírito, mais uma vez materializou-o em uma noite no meio do campo de trigo, enquanto seu pai caçava pela noite, mediante as carícias e troca de elogios, os jovens acabaram transando por lá mesmo, sob a luz do céu estrelado.
— Eu peço para que jamais me deixe ir, Georgia. - disse Khaled, enquanto acariciava os cabelos da amada deitada em seu peito.
— Você sabe o quanto é importante para mim, se isso um dia acontecer, não será minha culpa. - retrucou, Georgia.
Naquela madrugada, enquanto Georgia dormia, gritos de desespero puderam ser ouvidos pela garota, provindo da cozinha, era possível ouvir aquilo ecoar em sua mente. Ela correu escada abaixo dando de cara com Khaled em pé com o tórax atravessado por uma espada, atrás do espírito estava Zepar, o demônio que no início de sua vida, matou-a e agora condenava a existência do espírito por lá, que aos comandos da besta foi enviado ao inferno onde era torturado incansavelmente pelos demônios operários. Georgia gritava, despertando seu pai, que a tempo conseguiu agarra-la no braço antes que ela pudesse avançar contra o demônio; Khaled teve a sua imagem cada vez mais distorcida e absorvida pela energia da espada do demônio, desaparecendo de lá.
Tudo parecia acontecer em câmera lenta na visão de Georgia, seu pai puxava-a cada vez mais para trás, enquanto Zepar alargava um sorriso encarando-a, Khaled abria a boca gritando e chorava desesperado por estar partindo de vez, a lareira que estalava e liberava cinzas nos ares tornou-se o som mais alto que Georgia podia ouvir, o silêncio então tomou conta da mente da garota e uma voz pareceu invadi-la.
— Você pagará por tudo que me fez perder. - a voz era de Rosalyn, sua mãe, parecia irônica ou feliz por aquilo estar acontecendo.
Os olhos de Georgia arregalaram-se, despertando-a do transe, tudo havia sumido, Khaled e Zepar não estava mais lá, somente o seu pai que a abraçava por trás com força, ainda evitando qualquer loucura da filha.
— Não! - gritou a garota, tão alto que alguns pássaros próximos nas árvores voaram para longe das copas.
Com o passar dos anos, o espírito do homem que despertou a paixão em Georgia já não estava mais com ela, o seu pai perdia cada vez mais sua humanidade, obrigando Georgia e lutar contra sua força e acorrenta-lo durante seus surtos de sede sanguínea. Não demorou muito para que seu pai se deixasse levar pelos delírios e controle do vampirismo, ela estava sozinha agora, se quer tinha alguém para conviver, evitando ser alvo do pai, abandonou-o para trás após acorrenta-lo com correntes de aço encantadas com feitiço de selamento, isolando-o no porão da casa, desde então nunca mais retornou para lá.
Após sair da casa do pai, Georgia buscou refúgio em um vilarejo distante, onde lá conheceu um cara que se dizia vidente, entretanto não passava de um charlatão que ofereceu moradia à ela em troca de seus dons para ganhar dinheiro. Sem onde ir, Georgia aceitou a proposta e começou a trabalhar para o "vidente".
Não demorou muito para a situação sair do controle, Georgia passou a ser explorada pelo chefe, nos mais piores sentidos da palavra, era mantida presa em um calabouço, onde era tormentada por espíritos corrompidos que gritavam e faziam de tudo para tocar na garota, vivenciou isso durante um ano.
Em uma tarde, Georgia encarava o prato de comida sujo no canto da prisão quando percebeu a corrente do pingente que carregava no pescoço arrebentar, seus olhos arregalaram e então percebeu o perigo da situação. Aquilo não passava de uma simbologia da corrente que prendia Delior no porão, a corrente quebrar significava que Delior fora liberto, não estava mais preso. Duas horas de tormento passaram pela cabeça de Georgia, quando gritos e rangir metálicos foram ouvidos do térreo do vilarejo, desesperada e amedrontada com aquilo, a jovem se encolheu no calabouço enquanto dois espíritos corrompidos aproveitavam de sua fraqueza para se aproximarem.
Passos puderam ser ouvidos descendo as escadas do calabouço, um corpo foi arremessado na porta com brutalidade, causando um forte estrondo, poucos segundos depois o sangue escorreu pela fresta da porta que fora arrombada com um chute tão forte que estourou-a inteira. Georgia não conseguiu ver direito o que era, mas ao perceber que o alvo daquilo não era ela e sim os espíritos corrompidos, transplanou os espectros para o plano real, de forma que o "herói" pudesse decapita-los. Após ter executado, o herói foi em direção à Georgia, que ao notar sua fisionomia, arregalou os olhos e gemeu assustada.
— Papai!? - disse Georgia espantada em presencia-lo por lá.
O herege rompeu as correntes que prendiam a jovem e desapareceu de lá como um vulto, após encara-la com um sorriso malicioso.
Georgia deixou tudo para trás para viver sozinha pelo mundo, encontrar um novo rumo para tudo isso, sua maior companhia ainda são os espíritos, segue sendo a âncora entre os planos, recepcionando e transplanando espíritos pelo mundo todo.
Demorou três anos para superar os traumas sofridos, tratou-os com o humor e a benevolência com os próximos, jamais tinha se permitido conhecer pessoas novas, seu único propósito e objetivo de vida que encontrara era estar ao lado da família e de alguém que a amasse, entretanto perdeu tudo isso com tanta facilidade que acabou deixando-a uma pessoa desesperançosa com o afeto.
Amaldiçoada por Zepar, a garota apresenta personalidades extremamente diferentes quando próximo ou não de criaturas raciais do sexo masculino. Quando distante de um, ela acaba tendo uma personalidade bastante infantil e brincalhona, mas assume uma personalidade arrogante, audaciosa, desafiadora e maliciosa quando é presenciada por um homem, tendo como maior objetivo nesta hora seduzi-los ou provoca-los.
Sua magia é limitada, não consegue fazer feitiços medianos e grande sem um custo, ou seja, sem uma oferenda, portanto sempre está cortando alguma parte do corpo em troca de sangue para executar feitos. Quanto mais valioso é o sangue da oferenda, maior será a intensidade do feitiço, usou por muito tempo um frasco com o sangue de seu pai, um "herege", para executar ritos e feitiços de cura e sacrifício poderosos. Entretanto, sua maior habilidade é o manuseio de lâminas e combate corporal, adjunto de algumas magias para melhorar sua agilidade e estratégia.