Por G1 Grande Minas


Ruas do centro de Montes Claros recebem a beleza das tradicionais fitas coloridas — Foto: Pablo Caires/Inter TV

É tempo de fitas coloridas, do batuque dos catopês, marujos e caboclinhos. As tradicionais Festas de Agosto começam nesta quarta (15) e seguem até o próximo domingo (19). A celebração, que completa 179 anos em 2018, reúne catopês, marujos e caboclinhos em honra a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino Espírito Santo.

O secretário municipal de cultura, João Rodrigues, destaca que a programação cultural resgata as tradições. “Percebemos que as coisas haviam se perdido da raiz, e nossa intenção é trazê-las ao centro da festa. Desde o ano passado, procuramos devolver as festas à tradicionalidade, na referência da matriz africana, do congado, do tambor. De novo, os grupos se fortaleceram. A gente fala de uma festa religiosa, de uma cidade cheia de fé. É uma manifestação importante da nossa cultura popular”, diz o secretário.

O mestre Zanza é símbolo da festa. São 86 anos de idade, com 84 deles dedicados a um grupo de catopês, que começou com o avô dele, que era escravo. Com nome original de João Pimenta dos Santos, ele comanda o primeiro terno de Montes Claros, que tem cerca de 75 integrantes. Para o mestre Zanza, participar desse clima faz bem até para a saúde. “Meus meninos sempre falam que o ano todo eu estou doente, mas quando chega os dias da festa eu fico mais novo do que os novos.”

As Festas de Agosto são associadas ao festival folclórico, que chega à 40ª edição em 2018. O secretário comenta que o espaço agrega ainda mais à cultura local, além de permitir a troca cultural com outros grupos de Minas Gerais.

“Ele vem para fortalecer, no momento em que os grupos dos catopés estavam sem apoio. O festival criou junto a população uma festa maior, um envolvimento com circuitos de outras manifestações folclóricas que não fossem apenas os cortejos. Tem também um conjunto de Belo Horizonte. Os tambores de lá da capital são diferentes dos batuques do Norte de Minas. A importância do intercâmbio é enorme. Os grupos estão vindo praticamente sem cobrar cachê porque fazem questão de estar aqui. São manifestações de resistência”, diz o secretário.

Na Praça da Matriz são montados um palco principal e uma arena. Além dos shows, também se apresentam grupos folclóricos. Na arena tem as manifestações dos quilombos, das aldeias Xacriabás, os grupos de cortejo, além dos jovens autorais que buscam identidade do Norte de Minas.

Durante as festividades os espaços integrados permitem várias opções para o público. O Solar dos sertões, o Museu regional, a Casa da Augusta e Casa de Cultura Márcia Prates contam com exposições, lançamento de livros, encontros de tambores, feiras e oficinas.

A abertura oficial acontece na noite desta quarta-feira (15), às 19h, no Centro Cultural Hermes de Paula, localizado na Praça da Matriz, nº 32, no Centro da cidade. Mais tarde, às 21h30, será realizado o levantamento do mastro de Nossa Senhora do Rosário, na igreja que carrega o nome da Santa, localizada na Avenida Coronel Prates, também no centro.

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